
Os chamados pneus de inverno são uma boa opção para temperaturas abaixo dos 7 °C, pois garantem comportamentos mais eficazes e seguros. Em Portugal, no entanto, são pouco utilizados.
Os constantes avanços tecnológicos das últimas décadas têm vindo a produzir impactos significativos na área dos pneumáticos. O pneu deixou de ser encarado como um simples elemento de contacto entre o veículo e a estrada para passar a ser pensado como algo mais complexo. Foram nascendo, então, exemplares condizentes com as condições de utilização, incluindo o tipo de condução e os fatores externos (pavimento e clima).
Tendo a maximização da segurança rodoviária como pano de fundo, o mercado diversificou-se, apresentando soluções capazes de garantir sempre altos níveis de desempenho. Os avanços notaram-se, por exemplo, no ‘desdobramento’ dos pneus standard em dois: gamas de verão e de inverno, cada uma delas com especificações próprias. Mais recentemente, passaram a fabricar-se também os multiestações.
Diferenças e vantagens
Neste típico período de chuva, frio e neve, olhemos com mais detalhe para os pneus de inverno, de forma a avaliar a sua utilidade. Antes, porém, importa perceber as principais diferenças físicas face aos pneus de verão, os mais utilizados em Portugal:
1 – Composição. São fabricados com um composto especial, que inclui a sílica, de forma a garantir uma borracha mais macia e flexível.
2 – Escultura. Contêm rasgos em maior número e de maior profundidade no piso, bem como desenhos com especificações próprias (normalmente em V).
3 – Simbologia. Apresentam, na lateral, símbolos que evidenciam a sua aptidão para condições invernais: M + S (indica um desempenho superior aos standard na neve e na lama) ou floco de neve com montanha de três cumes – 3PMSF (símbolo alpino que implica terem passado os testes mínimos regulamentados para desempenho na neve).
Conforme identificado, os pneus de inverno ganham clara vantagem sobre os rivais na capacidade de adaptação a temperaturas baixas. Evidenciam uma aderência excecional sobre piso molhado, neve ou gelo, uma travagem mais eficaz e uma tração mais forte. Evitam, também, situações de aquaplaning, atendendo à sua capacidade para repelir a água rapidamente. A conjugação de todos estes fatores permite aumentar os níveis de segurança de condutores, passageiros e peões.
A utilização em Portugal
A marca dos 7 °C é tida, universalmente, como a fronteira que define os pneumáticos a utilizar em função do clima: os invernantes funcionam melhor abaixo desse valor; os de verão obtêm desempenhos superiores acima. Posto isto, apesar dos seus benefícios claros em condições extremas, não é prática comum usar-se pneus de inverno em Portugal, pois o clima não é muito severo na maior parte do território.
O uso de pneus de inverno não é obrigatório, ao contrário do que acontece em diversos países europeus, sobretudo escandinavos. Ainda assim, é recomendável para as zonas mais altas, cujas temperaturas permanecem abaixo da marca por algum tempo. Trata-se de uma opção mais fiável para esses casos, devido à possível formação de gelo e neve, mas com o inconveniente de não serem adequados para o resto do ano.
Alternativas
Em alternativa existem os pneus multiestações, uma aposta mais recente de algumas marcas. Oferecem a vantagem de atravessarem todas as estações com resultados satisfatórios.
A escolha preferencial continua a recair sobre os pneus de verão, que se adaptam à generalidade das condições. Exceção feita aos casos, embora pontuais e pouco estáveis na maioria das zonas, em que a temperatura atinge menos de 7 °C. Aí, a borracha endurece e perde a aderência necessária para um comportamento eficaz e seguro. Neste caso, faça-se acompanhar de correntes para a neve se vai enfrentar condições favoráveis à sua ocorrência. Não são tão seguras e práticas quanto os pneus de inverno, mas, acompanhadas de alguns cuidados, serão suficientes para evitar acidentes.